domingo, 30 de novembro de 2008

Dose de Culpa faz bem.


Uma dose de culpa é uma dádiva ao ser humano esquecida em sua história ou formadora da história de muitos. Impressionante! Enquanto uns não sentem culpa de nada outros se culpam por tudo. Uns vivem sem consciência e responsabilidade outros cauterizados presos no passado. Mas uma dose de culpa é uma dádiva. Ela nos retira do estado mórbido do erro, a sutileza que nos embrutece como se nada de errado acontecesse. Acredito que uma onda de culpa deveria destruir nossos castelos de areia que ignoram os famintos da nossa nação. Acredito que a culpa para uma sobra no prato deveria nos assombrar em visto da fome que paira nos guetos visivelmente ignorados por nós. Nosso luxo alimentar deveria se culpar quando retira de nós a condição de fazer algo em favor de um necessitado. Somos conquistadores e merecedores do que temos? Talvez. Responsáveis pelos que nada tem por contextos sociais? Sempre. Ah se andássemos fora da blindagem dos nossos carros e visitássemos a pé, pois só assim é possível, o “mocó” das cidades. Vi recentemente uma entrevista com uma mulher ex “mocozada”, que escreveu seu passado no craque e prostituição e hoje escreve um presente no samba recuperada e cheia de dignidade. Não conheço os “mocós”, não conheço a ex-viciada moribunda de São Paulo, mas agora conheço a sambista recuperada sorrindo em sua casa e manchete de jornal.
Pobre homem que sou! Quem me livrará do corpo dessa morte?
Se ela hoje não fosse uma sambista, eu não conheceria a “mocozada” mulher da vida.
Estranho como valorizamos o mudado e com nova vida, mas os ainda “mocozados” desviamos deles o olhar, pois quando se torna um de nós os reconhecemos...Ironia? Talvez.
Precisamos voltar a experimentar a dádiva da culpa nessa boa dosagem!


By Tony Edson

sábado, 29 de novembro de 2008

O Velho e o seu Cachimbo.


Rosto mapeado pelo sofrimento de uma vida injusta de castigo da desigualdade social capitalista. Ao seu lado os “mansionados” enquanto seus pés procuram um canto à calcada para se aquecer e quem sabe aquela noite conseguir dormir. Pela manhã quando o sono chegar às sentinelas da mansão a convidarão a começar seu sono em outro lugar. O sorriso do velho “encachimbado” pela corrupção espera talvez uma mão a erguê-lo sob os pés cansados, mas o que tem são convites abruptos de chutes e ponta pés nas costas e às vezes com o humor sarcástico um balde d’água fria a lavá-lo. Levanta velho homem antes que o sono novamente se vá sem descansá-lo, afinal de contas, há outras calcadas a te esperar. Veja velho homem, um pão mal comido desprezado por uma boca não faminta, são apenas formigas e um cachorro quase a descobri-lo. Deleita-te velho homem sem seu cachimbo, afinal, o fumo acabou, ou apenas começou? Fume o fumo da desigualdade, pois é burguês o que gostaria de fumar. Coma o pão que o diabo ainda não amassou, apenas foi pisado pelos homens. Um banco, velho homem e seu cachimbo, deite-se, descanse, quem sabe o sono venha, ou até o sono da morte. Já sonhou velho homem? Não com o fumo do seu cachimbo... sonhei com uma vida digna? Com possibilidade de sobreviver? De se alimentar dignamente? De trabalhar? Morar em casa?
Se sonhou não sonhe mais...se não sonhou não ouse sonhar! Tua vida é um pesadelo velho homem e seu cachimbo. Veja os que te reprimem, marginalizam-no, eles tem seus cachimbos da paz. Resta-te o fumo da vergonha de uma nação que dorme em seus palacetes e jogam pães pela janela.
Caminhe no mapa traçado no seu rosto de sofrimento velho homem e seu cachimbo.


By Tony Edson

Poesia das Plumas


Poetizei entre dragões e crianças, em sombras e assombrações, transformei os dragões em meus potros e as crianças em minhas canções. Devaneios e desencontros, entre plumas e escorpiões, amores e temores em paradoxos sem fim. Poetizei na alegria e o poema logo esmoreceu, escrevi minhas tristezas e são poetizadas pelos poetas tristes de alma. Nos troféus fui exaltado, aclamado entre multidões, mas quando a aurora se foi e o fio de prata se partiu as vaias me cobriram, vi o vexame sobre mim. Olhei ao lado a procura de mãos a me ninar, ouvi apenas os sorrisos sarcásticos dos que zombavam sem amar, olhei e olhei até que a poesia me ajudou. Estendeu seu leito a um ser ferido, machucado pelo chão árido da vida, ela me fez ninar, voltou-me para dentro de mim a procura da essência que um dia me inspirou a poetizar. A essência lá estava, aguardando o meu retorno guardado em silêncio gritante a me dizer: o que um dia te fez poetizar?
Olhei para o todo da vida o a vida do todo, percebi que mais que um momento a ferro houve plumas na minha historia. Deitei-me sobre elas recordando o passado e lá encontrei o que as estendeu estendendo novamente para pés sangrados e machucados.
Ah, mestre das plumas e da vida, que me viu entre cortantes gritos a chorar, porque não fez da minha vida de paradoxos um eterno linear emplumado?
Sua voz me garantiu que na dinâmica da vida as plumas ali encontrarei, mas são as marcas feitas pelos escorpiões e seus dragões que me farão reconhecer o valor da poesia entre plumas.
By Tony Edson

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Espelho de Deus



Procurei nas encostas das montanhas, nas grutas inexploráveis, nos despenhadeiros sem fim, nas relvas dos campos, nas minas límpidas, nos riachos e suas cachoeiras, no desembocar das águas no encontro com o mar. Procurei nas florestas adentro, nas planícies abertas e matas fechadas, nos crepúsculos e alvoradas. Procurei nas flores e seus desenhos, seus perfumes e devaneios, nas exóticas a comuns. Procurei, procurei e não achei.
Diziam-me que ao quebrar ou levantar de um galho lá encontraria. Procurei as escuras e tateando entre os achismos filosóficos, procurei e não achei. Procurei dentro de mim, nos meus transes e meditações, silêncio e aberrações. Não encontrei. Procurei no que apontava para o que procurava, até que percebi que tudo isso não passava de um espelho, olhei e não me vi, então nesse espelho, achei-o.

Os céus proclamam tua Glória e o firmamento as obras do teu Poder!


By Tony Edson

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

FÉ E OBRAS - Luz e sombras.


Ouvi essa ilustração e tomarei a liberdade de “ilustrá-la” um pouco mais.

Passeando pela Eternidade, o Criador e Miguel, olhavam os que pós-vida ali estavam em pé, pessoas das mais diversas etnias e histórias, raças e línguas, crenças e religiões, simplesmente em pé em silêncio, nada mais poderia ser feito por eles para mudar qualquer rumo na eternidade.
O Criador pergunta a Miguel se o primeiro a ser olhado tinha sombras. Sim! Respondeu Miguel. O Criador parou e pediu para que Miguel analisasse o que havia por trás da pessoa que produzia aquela luz. Perguntou o Criador: Sol ou holofote? Sol! Respondeu Miguel.

Esse fora conduzido aos lugares mais lindos da eternidade.
Diante do segundo a mesma pergunta ecoa: Sombra? Sim! Sol ou holofote? Holofote, respondeu admirado Miguel.

Esse será conduzido aos lugares mais horrendos da eternidade.
Diante do terceiro nenhuma pergunta é feita e o Criador nem mesmo para. Porque não analisaste a luz deste, Oh Criador?
Respondeu o Criador:

Se este não possui sombra, sequer terá luz!
Deixa-o ser conduzido aos lugares mais tenebrosos da eternidade.

Um dia estaremos nessa situação. Se tivermos sombra, será analisado que tipo de luz está por trás de tal sombra. Se a sombra foi produzida pelo Sol, pelo Criador, pelo Espírito, pelo Filho de Deus, a sombra é boa, é valida é preciosa. Se a sombra for produzida por holofotes será invalida. São luzes artificiais, criadas para sombras que honram a pessoa, apesar de ter obras são motivadas sem a verdadeira luz.
O que não tiver sombras, obras, nem sequer será visto a possibilidade de fé, pois fé sem obras é morta.





By Tony Edson